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quinta-feira, 26 de julho de 2012

O INFINITO





REFLEXÃO SOBRE O INFINITO



“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.” 
Albert Einstein (1879 – 1955)


Introdução



            O Espírito Científico fortemente presente nos trabalhos acadêmicos não existiria se não houvesse um ínfimo sentimento religioso herdado da “transmutação” da mente da humanidade. Primitivamente ligada ao substancial, mas com o nascimento do pensamento - no sentido de se expor algo íntimo, isto é, transmitir para outra mente o que foi concebido em si – imbuído de imaginação; o deus substancial, manufaturado a partir do barro desmaterializa-se em imaginação e o universo humano conquista hiperespaços conectados a infinitas dimensões.
            A final, o que é o infinito? Os pensadores que se ocupam da abordagem do Infinito ou dos Infinitos, como em todo trabalho, o dividem em partes para que se possa analisá-lo de modo minucioso, ou seja, tendendo para a perfeição. Assim, tanto no texto de Serra quanto no texto de Martinez, ambos expõem a temática em linguagem compreensível.


Os Infinitos

          Uma abordagem leve do infinito é o Infinito Potencial que é usado em processos de contagem (elefantes em fila expressando uma contagem, ilustração do texto de Martinez), que podem, em princípio, continuar ilimitadamente (sequência numérica). Este princípio faz referência também aos objetos que podem crescer eternamente. Na Geometria Euclidiana os objetos são definidos num espaço limitado, seria isto uma aparente negação do infinito?
            O Infinito Real (em ato) é um tema de extrema complexidade. Serra, do ponto de vista matemático, expõe em seu texto que a história moderna do infinito matemático começa com o matemático checo Bernard Bolzano (1781-1848) que em seu trabalho Paradoxos do Infinito defendia esta questão, isto é, pretendia situar o verdadeiro infinito no campo da matemática. Ele foi o primeiro que tentou construir um conceito puramente matemático e um cálculo do Infinito Atual. A concepção do infinito advinda do contexto geométrico relacionado à perspectiva e à admissão de pontos no infinito, segundo o texto de Martinez, possibilita a quantificação e a resolução de problemas do mundo real. Quando se tem o limite tendendo a 2, por exemplo, jamais chega-se a 2; não se pode torná-lo concreto, no entanto sabe-se da sua existência. Assim, o ponto relevante das demonstrações por recorrência é a passagem do infinito potencial ao infinito em ato.


Os Infinitos no tempo

        O cálculo da medida da diagonal de um quadrado de lado 1 representa o marco da história do infinito. Raiz quadrada de 2 era conhecido pelos gregos como irracional e que não podia ser representado em forma de fração, ou ainda, não existe um número real que elevado ao quadrado resulte em raiz de dois. Temos então uma transmutação de um seguimento finito num número infinito, diz Serra em seu artigo.
A teoria das proporções de Eudoxo (390-338 a.C) possibilitou definir os irracionais, recorrendo ao finito. Sua ideia básica é facilmente compreendida através do sistema decimal atual. Por exemplo, para calcular o perímetro da circunferência de diâmetro 1 que sabemos medir π, podemos dizer que esse valor é menor que 3,15 e maior que 3,14, ou seja, podemos escrever uma dupla desigualdade. Este procedimento deu origem ao método da exaustão que é um precursor dos métodos infinitesimais renascentista.
O problema da divisibilidade do espaço e do tempo levou o infinito do âmbito matemático às questões filosóficas, expressas através dos paradoxos de Zenão (490-430 a.C.). Sendo o mais famoso a história do corredor Aquiles e a tartaruga. Ele argumentava que se a tartaruga iniciasse a corrida partindo alguns metros à frente de Aquiles, este nunca a alcançaria, pois, quando o ágil corredor atingisse a posição desta, a mesma já estaria pouco à frente. Em seguida Aquiles alcançaria a segunda posição do quelônio que, já estaria um pouquinho mais à frente e assim, por mais que o competidor humano corresse, jamais alcançaria a tartaruga. A ideia que esta história clássica transmite é a do infinito potencial, que jamais chegará ao fim.
        O ponto apoteótico da caminhada do infinito deu-se com George Ferdinand Ludwig Philipp Cantor (1845-1918) que provou que os conjuntos infinitos não têm todos, a mesma potência. Outro matemático estudioso da questão, Julius Wilhelm Richard Dedekind (1831-1916) estabeleceu uma bijeção entre dois conjuntos infinitos, base para a Teoria dos Conjuntos. Cantor baseou-se na ideia de que, o infinito de um segmento de reta podia ser demonstrado geometricamente (entre dois pontos, sempre existe um terceiro). Assim Cantor e Dedekind concluíram que, o infinito poderia ser demonstrado também, através da aritmética pura dos números reais. No entanto Cantor não concebia a existência dos infinitamente pequenos. Os matemáticos tiveram que esperar até 1966 para contemplar este resultado, dado por Abraham Robinson (1918-1974) através de sua Análise não standart.


O tempo dos infinitos

            Diante de tamanha complexidade, o eterno mistério que habita a essência humana é a sua compreensibilidade. A matemática, a ciência dos números e das formas, vem auxiliando a maioria das ciências, se não todas. Por exemplo, as estruturas do DNA, a Astrofísica, a Teoria da Relatividade, a Física Quântica necessitam também do cálculo infinitesimal para sua validade científica.
Do ponto de vista prático, explicar estes conceitos para alguém em fase inicial de aprendizado, uma sequência, por exemplo, caberia cantar a velha canção dos elefantes (potencial): “Um elefante se pendurou numa teia de aranha, mas quando ele viu que a teia resistiu, foi chamar outro elefante. Dois elefantes se penduraram ...”. Mas sabe-se que não existem infinitos elefantes.
Segundo o artigo de Martinez, o infinito em ato não existe na Natureza. O pai da Relatividade, disse certa vez: “As teses da matemática não são certas quando relacionadas com a realidade, e, enquanto certas, não se relacionam com a realidade.”. O espírito humano tem a capacidade de intuir situações fora do espaço palpável e a matemática é a ferramenta necessária para orientar os procedimentos; visto que, a matemática tem a peculiaridade de apresentar demonstrações, ditas puras, sem que haja aplicação nas ciências dependentes de seus resultados. Estas demonstrações são previsões do que poderá transmutar-se em realidade.
Por outro lado, seria uma cilada ensinar o conceito de infinito ao politiqueiro fazendo-lhe uma simples pergunta (potencial): A corrupção sócio-política no Brasil continuará infinitamente? A problemática seria discutir se a corrupção no Brasil possui dimensão infinita (em ato). Portanto, é possível existir, pelo menos, uma entidade completa e existente de tamanho infinito?

Saber Mais

MARTINEZ, Javier de Lorenzo. A Ciência do Infinito. Scientific American Brasil – Aula Aberta 6 – O prazer de ensinar ciências. Ano I – Nº 6 – 2011. Duetto Editorial. Págs 42-49.





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Enviado por somatemática em 05/01/2012


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Enviado por somatemática em 21/12/2011


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