Pesquisar

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O INÍCIO DO SIMBOLISMO ALGÉBRICO







A Nuvem de Infinitude e o Simbolismo Algébrico


                Antes de Isaac Newton iluminar-nos com sua Ciência, destilar o veneno da cólera na Comunidade Científica e mergulhar fundo no Oceano Delirante das Previsões Catastróficas, o matemático e monge alemão Michael Stifel (1487-1567) já era perito nas duas últimas atividades, a segunda, neste caso, injetada nos camponeses.
            Ele contribuiu com seus dotes matemáticos para o início do Simbolismo Algébrico ao publicar, em 1544, o livro Arithmetica Integra, no qual - dividido em três partes – trata de Números Racionais, Números Irracionais e Álgebra. Esta obra é considerada a mais importante de todas as álgebras da Alemanha do século dezesseis, onde são apresentados os Números Negativos, Radicais e Potências, sendo o trio o seu ponto alto.
       Stifel mostrou as vantagens de se associar uma Progressão Aritmética a uma Progressão Geométrica, desta forma prenunciando, de quase um século, a invenção dos Logaritmos (criados pelo escocês John Napier em 1614); reduziu a multiplicidade de casos de Equações Quadráticas que aparecia como uma única forma, no entanto teve que explicar, através de regra, o momento para usar os símbolos mais (+) e menos (-); estes em oposição à notação italiana plus e minus, respectivamente. Mesmo com a sua explicação e conhecedor das propriedades dos Números Negativos ele se recusou a admiti-los como raízes de uma equação, chamando-os assim por “Numeri Absurdi”. Aos Números Irracionais ele se referiu “Escondidos sob uma espécie de nuvem de infinitude.”.
            Foi ordenado monge em 1511 e onze anos depois foi expulso do monastério por acreditar que a Santa Igreja tomava dinheiro de pessoas muito pobres. Assim tornou-se um reformador fanático convertido por Martinho Lutero (1483-1546) ao protestantismo. Imbuído por um espírito visionário, Stifel, antecipou-se a Newton, analisou textos bíblicos e profetizou o fim do mundo para o dia 3 de outubro de 1533. Isso levou muitos dos seus crédulos (pessoas simples do campo) venderem tudo o que possuíam para acompanhá-lo direto ao céu. Como a previsão falhou, o fato provocou a ira dos seus seguidores e o pastor teve que se proteger numa prisão.

          Um dos seus delírios mais expressivo foi a prova usando aritmografia (arithmos = número + graphein = escrever: parte da álgebra que consiste em operações semelhantes às da aritmética, com a diferença apenas de os números serem representados por letras e não por algarismos) de que o papa Leão X (1475-1521) era a “besta” citada no livro bíblico Apocalipse capítulo 13, versículo 18 “Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis.”. Do nome LEO DECIMVS, Stifel analisou as letras L, D, C, I, M, V que têm significado no sistema de numeração romano. Ele acrescentou a letra X, de Leão X, isto devido a Leo Decimus ter dez letras e omitiu a letra M, porque esta representa mysterium. Daí, o analista, arranjou as letras obtendo assim DCLXVI, que significa 666, desanuviando a “besta”. Essa prova lhe proporcionou grande conforto divino.
            No século seguinte, Napier mostrou que o número 666 representa o papa. Por outro lado, o jesuíta Bongus provou que Martinho Lutero representa a “besta”. O religioso usou o seguinte raciocínio: atribuiu valores às letras maiúsculas onde a letra U é representada pela letra V. O alfabeto latino não possui a letra j e a letra w.
            
          
A = 1


B = 2


C = 3


D = 4


E = 5
M   A   R     T     I   N

F = 6
30+1+ 80+100+9+40 =
260
G = 7

 +
H = 8
L      V       T     E  R   A

I   = 9
20+200+100+5+80+1 =
406
K = 10

666
L  = 20


M = 30


N = 40


O = 50


P = 60


Q = 70


R = 80


S = 90


T = 100


U=V=200


X = 300


Y = 400


Z = 500



           

            Até o imperador romano César Nero (37-68 d.C) não escapou da aritmografia, uma vez que quando seu nome é expresso com os símbolos das letras do idioma aramaico, no qual foi escrito o livro de Apocalipse no original, traduz-se em número por 666. Este número também foi atribuído ao último imperador da Alemanha Kaiser Guilherme II (1859-1941) durante a Primeira Guerra Mundial. Mais tarde, na Segunda Guerra Mundial o ditador alemão Adolf Hitler (1889-1945) foi o seu mais ilustre representante.



Para Saber Mais:

EVES, Howard. Introdução à História da Matemática (An Introdution To The History Of Mathematics, © 1964 – Tradução: Higyno H. Domingues). Editora da Unicamp, São Paulo, 2004.

BOYER, Carl B. História da Matemática (A History Of Mathematics, 1991 – Tradução: Elza F. Gomide), 2a edição. Editora Blucher Ltda, São Paulo, 1996.






Noli esse sicut bestiae numerus indicet.





☺(*.*)☻