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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

SEGURANÇA NA INTERNET



Imagem extraída do site SafeTech



DECIFRANDO NÚMEROS E CÓDIGOS

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A MÚSICA DOS NÚMEROS PRIMOS

“Se Gauss estivesse vivo hoje, seria um hacker”
 Peter Sarnak, professor da Universidade de Princeton


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          No livro "A música dos Números Primos" (The Music Of The Primes) Marcus Du Sautoy trata, usando linguagem narrativa, de uma das questões mais investigadas da História da Matemática que vem desde meados do século XIX ocupando as mentes ambiciosas e dando muito trabalho aos matemáticos de todas as partes do planeta: A Hipótese de Riemann “é possível uma harmonia entre esses números primos, à semelhança da harmonia musical”, problema número 8 da lista contendo 23 problemas matemáticos propostos pelo alemão David Hilbert (1862-1943) na Conferência Internacional de Matemáticos de Paris em 1900 para anunciar o novo século.  

A Música dos Números Primos é composto por 12 capítulos fascinantes que vislumbram o universo dos Números Primos desde os dias de Euclides passando pelos universos, através do espelho, de Euler, Gauss e Riemann, pelos desafios de Hilbert, pela rigidez de Landau, pelas limitações do método matemático de Gödel, pela mente milagrosa de Turing; até chegar a dificílima tarefa de implementar um sistema eficiente que através da criptografia dê segurança ao mundo dos negócios.

No capítulo 10 Decifrando Números e Códigos, Du Sautoy aborda os conceitos matemáticos - introduzidos por Pierre de Fermat (1601 - 1665) e por Carl Friedrich Gauss (1777 – 1855) - por trás da criptografia utilizada atualmente em larga escala para proteger as vidas de espiões como também o mundo público dos negócios. Aborda, também, o surgimento da criptografia na internet inspirado pelo artigo “Novos Caminhos na Criptografia”, escrito pelos matemáticos Whit Diffie e Martin Hellman ambos da Universidade de Stanford que motivou Ron Rivest, cientista da computação do Instituto de Tecnologia de Massachusets – MIT – a desenvolver, juntamente com os matemáticos Adi Shamir (israelense visitante do MIT) e Leonard Adleman, também do MIT, sistemas de segurança com intenção de despertar o interesse das grandes empresas.

No entanto, não foi muito fácil ver o sonho de Diffie e Hellman realizado, pois havia um grande problema na época, nos anos 1970, que era a fatoração de números de ordem muito grande, isto é, por exemplo, desde o início da década de 1990, a técnica usada para se proteger o número de um cartão de crédito durante uma compra pela internet consiste em multiplicar dois números, com cerca de 60 algarismos, e encontrar um terceiro número de até 120 algarismos. O interessante nisso é que os números menores (que são dois números primos) são mantidos em segredo, sendo revelado somente o número maior de difícil decomposição. Fatorar números muito grandes não é tarefa trivial.

A maioria dos matemáticos não se interessava pelo tema, pois o achavam de menor importância. À medida que o trio - Rivest, Shamir, Adleman - se tornava comercialmente importante outros matemáticos começaram a aceitar o desafio de decompor números cada vez maiores. O matemático Carl Pomerance da Universidade da Georgia era fascinado, desde menino, por decomposição de números e desenvolveu um método chamado de crivo quadrático semelhante ao crivo de Erastótenes. O crivo quadrático foi utilíssimo no início dos anos 1990. Com a chegada da internet os matemáticos Arjen Lenstra e Mark Manasse perceberam que a internet aliada ao crivo quadrático seria a dupla perfeita para derrubar o RSA 129 (número com 129 algarismos), que foi o desafio proposto por Rivest, Shamir e Adleman, publicado no artigo de Martin Gardner da Scientific American. Eis que em abril de 1994, Lenstra e Manasse anunciaram que o RSA 129 havia sido derrubado utilizando-se centenas de computadores pessoais ao longo de 24 países. Nisso consistia a beleza do crivo quadrático de Pomerange, dividi a carga de trabalho, a procura de números primos, entre muitos e diferentes computadores.

A diferença entre fazer compras pela internet usando um computador pessoal veloz e com muita memória ou um telefone celular ou um palmtop é justamente a potência entre o PC e o aparelho de celular ou palmtop, pois estes últimos não são projetados para realizar grandes cálculos. Uma vez que proteger um cartão de crédito, no momento de uma compra, é necessário realizar cálculos com números muito grandes (multiplicar dois números com cerca de 60 algarismos) e isso requer grande poder de processamento e memória, o que os aparelhos de celular e os palmtops não possuem.

Recentemente, o RSA encontrou um rival de peso, voltado para os desafios do mundo das comunicações sem fio e do comércio portátil. Os novos códigos usados para proteger o mundo cibernético não são baseados nos números primos, são baseados em algo revolucionário: as curvas elípticas que são definidas por tipos especiais de equações, aquelas de Andrew Wiles d`O Ultimo Teorema de Fermat.

O método - desenvolvido por Neal Koblitz, da Universidade de Washinton - baseado em curvas elípticas não precisa de chaves numéricas muito grandes, desta forma esses códigos são perfeitos para o comércio móvel. Enquanto o RSA multiplica as horas do relógio em calculadoras-relógio para embaralhar os números de cartões de crédito para protegê-los, Koblitz propõe que esses números de cartões de crédito se percam em alguma curva elíptica numa multiplicação estranha definida por pontos dessa curva. Portanto, o desafio, isto é, a proposta de Riemann recaiu agora na matemática criada por ele mesmo.

 

SABER MAIS:

DU SAUTOY, Marcus. A Música dos Números Primos – A história de um problema não resolvido na matemática (The Music Of The Primes, 2003. Tradução de Diego Alfaro). Jorge Zahar Editor Ltda, Rio de Janeiro - 2008.





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