A
Nuvem de Infinitude e o Simbolismo Algébrico
Antes
de Isaac Newton iluminar-nos com sua Ciência, destilar o veneno da cólera na Comunidade
Científica e mergulhar fundo no Oceano Delirante das Previsões Catastróficas, o
matemático e monge alemão Michael Stifel (1487-1567) já era perito nas duas
últimas atividades, a segunda, neste caso, injetada nos camponeses.
Ele contribuiu com seus dotes matemáticos para o início do
Simbolismo Algébrico ao publicar, em 1544, o livro Arithmetica Integra, no qual
- dividido em três partes – trata de Números Racionais, Números Irracionais e Álgebra.
Esta obra é considerada a mais importante de todas as álgebras da Alemanha do
século dezesseis, onde são apresentados os Números Negativos, Radicais e
Potências, sendo o trio o seu ponto alto.
Stifel mostrou as vantagens de se associar uma Progressão
Aritmética a uma Progressão Geométrica, desta forma prenunciando, de quase um
século, a invenção dos Logaritmos (criados pelo escocês John Napier em 1614); reduziu
a multiplicidade de casos de Equações Quadráticas que aparecia como uma única
forma, no entanto teve que explicar, através de regra, o momento para usar os
símbolos mais (+) e menos (-); estes em oposição à notação italiana plus e
minus, respectivamente. Mesmo com a sua explicação e conhecedor das
propriedades dos Números Negativos ele se recusou a admiti-los como raízes de
uma equação, chamando-os assim por “Numeri Absurdi”. Aos Números Irracionais
ele se referiu “Escondidos sob uma espécie de nuvem de infinitude.”.
Foi ordenado monge em 1511 e onze anos depois foi expulso
do monastério por acreditar que a Santa Igreja tomava dinheiro de pessoas muito
pobres. Assim tornou-se um reformador fanático convertido por Martinho Lutero (1483-1546)
ao protestantismo. Imbuído por um espírito visionário, Stifel, antecipou-se a
Newton, analisou textos bíblicos e profetizou o fim do mundo para o dia 3 de
outubro de 1533. Isso levou muitos dos seus crédulos (pessoas simples do campo)
venderem tudo o que possuíam para acompanhá-lo direto ao céu. Como a previsão
falhou, o fato provocou a ira dos seus seguidores e o pastor teve que se
proteger numa prisão.
Um dos seus delírios mais
expressivo foi a prova usando aritmografia (arithmos = número + graphein =
escrever: parte da álgebra que consiste em operações semelhantes às da
aritmética, com a diferença apenas de os números serem representados por letras
e não por algarismos) de que o papa Leão X (1475-1521) era a “besta” citada no
livro bíblico Apocalipse capítulo 13, versículo 18 “Aqui
há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é
o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis.”. Do
nome LEO DECIMVS, Stifel analisou as letras L, D, C, I, M, V que têm
significado no sistema de numeração romano. Ele acrescentou a letra X, de Leão
X, isto devido a Leo Decimus ter dez letras e omitiu a letra M, porque esta
representa mysterium. Daí, o analista, arranjou as letras obtendo assim DCLXVI,
que significa 666, desanuviando a “besta”. Essa prova lhe proporcionou grande conforto
divino.
No século seguinte, Napier mostrou que o número 666
representa o papa. Por outro lado, o jesuíta Bongus provou que Martinho Lutero
representa a “besta”. O religioso usou o seguinte raciocínio: atribuiu valores
às letras maiúsculas onde a letra U é representada pela letra V. O alfabeto
latino não possui a letra j e a letra w.
A = 1
|
||
B = 2
|
||
C = 3
|
||
D = 4
|
||
E = 5
|
M
A R T I N
|
|
F = 6
|
30+1+ 80+100+9+40 =
|
260
|
G = 7
|
+
|
|
H = 8
|
L
V T E
R A
|
|
I = 9
|
20+200+100+5+80+1 =
|
406
|
K = 10
|
666
|
|
L = 20
|
||
M = 30
|
||
N = 40
|
||
O = 50
|
||
P = 60
|
||
Q = 70
|
||
R = 80
|
||
S = 90
|
||
T = 100
|
||
U=V=200
|
||
X = 300
|
||
Y = 400
|
||
Z = 500
|
Até o imperador romano César Nero (37-68 d.C) não escapou
da aritmografia, uma vez que quando seu nome é expresso com os símbolos das letras
do idioma aramaico, no qual foi escrito o livro de Apocalipse no original,
traduz-se em número por 666. Este número também foi atribuído ao último
imperador da Alemanha Kaiser Guilherme II (1859-1941) durante a Primeira Guerra
Mundial. Mais tarde, na Segunda Guerra Mundial o ditador alemão Adolf Hitler
(1889-1945) foi o seu mais ilustre representante.
Para Saber Mais:
EVES, Howard. Introdução à História da Matemática
(An Introdution To The History Of Mathematics, © 1964 – Tradução: Higyno H.
Domingues). Editora da Unicamp, São Paulo, 2004.
BOYER, Carl B. História da Matemática (A History Of
Mathematics, 1991 – Tradução: Elza F. Gomide), 2a edição. Editora
Blucher Ltda, São Paulo, 1996.
Noli esse sicut bestiae
numerus indicet.
☺(*.*)☻
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